Uma das coisas mais complicadas em comprar discos on-line, ou mesmo em lojas, está em saber reconhecer a condição real de um bom exemplar. Diversos vendedores se utilizam de nomenclaturas e graduações próprias, com referências que muitas vezes não condizem com o estado real do material.

Bem esse problema não é novidade e nem um fenômeno do “retorno do vinil”, sempre aconteceu e acontece no mundo inteiro, apesar de que em nosso país, pelo seu mercado pouco estruturado o fenômeno se agrava.

A Goldmine Magazine, tradicional revista de colecionadores de música, americana, presente no mercado desde 1974, estabeleceu um sistema de graduação que é utilizado como referência no mundo inteiro e seguido a risca por muitos lojistas e sites de venda. No Discogs, por exemplo, a política de avaliação é séria e um vendedor pode não se dar muito bem se trapacear por lá, claro que sempre tem distorções. No Japão a coisa é bem mais complicada e não há muito espaço para “espertezas”.

A “Record Grading 101” compõe a publicação anual “The Goldmine® Record Album Price Guide” e define a graduação a partir de um só grading, ou seja, não separa as capas das mídias, recomenda-se avaliar separadamente e depois fazer uma média dos dois, tendo assim uma só avaliação. E prefiro quando os lojistas dividem a graduação, o que tem sido recorrente.

Segue abaixo a graduação e a nomenclatura criadas pela Goldmine Magazine:

MINT (M) – Um disco absolutamente perfeito em todos os sentidos.

Raramente encontra-se um disco neste estado. Um disco Mint deve ser um consenso, ou seja, em tão perfeito estado, que não há discordância sobre ele, tanto no que se refere a sua capa como ao vinil. Em relação ao valor, não há muito que comparar com o Near Mint, será um acordo entre o comprador e o vendedor.

Near Mint (NM ou M-) – Uma boa descrição de um disco NM é “parece que ele acabou de visitar uma loja de varejo e que foi aberto pela primeira vez agora.”

Em outras palavras, é quase perfeito. Discos Near Mint são brilhantes, sem defeitos visíveis. Escrita, adesivos ou marcações de outra natureza, não devem constar no rótulo, nem qualquer “marca” próxima ao furo central, como se alguém tivesse por anos tentando cegamente colocar o disco no prato. Os defeitos de fábrica grosseiros também devem estar ausentes, como um disco com o selo que foi obviamente prensado fora do lugar, não é Near Mint. Ao tocar o disco, este deve estar sem nenhum ruído. Os discos NM não tem que necessariamente ser aqueles “nunca foram tocados”, um disco usado em um excelente toca discos pode permanecer NM depois de muitas audições, deve apenas ter sido bem cuidado. As capas NM são livres de vincos, anéis de desgaste (ring wear), splits e cortes de qualquer tipo.

NOTA: Os padrões expostos são altos, e eles NÃO estão em uma escala móvel, podendo ser relativizados. Um disco ou capa da década de 1950 devem cumprir as mesmas normas como um exemplar dos anos 1990 ou 2000s para estar perto de Mint! Estima-se que não mais de 2% a 4% de todos os exemplares remanescentes dos anos 1950 e 1960 são verdadeiramente Near Mint. É por isso que eles vão ter preços elevados, mesmo para os discos mais comuns. Não qualifique seus discos como Near Mint sem que eles atendam a esses padrões!

Very Good (VG+) ou Excelent (E) – Uma boa descrição de exemplar VG+ é “exceto por duas pequenas coisas, ele seria Near Mint”.

A maioria dos colecionadores, especialmente aqueles que querem ouvir seus discos, serão felizes com um disco VG+, especialmente se for o topo da graduação (às vezes chamado de VG++ ou E+). Exemplares VG+ podem mostrar alguns leves sinais de desgaste, incluindo riscos leves ou muito leves, que não afetam em nada a experiência auditiva. Riscos leves que não afetam o som são OK!! Pequenos sinais de manipulação são OK, também, como marcas ao redor do furo central. Pode haver algum anel de desgaste na capa (ring wear) muito leve ou descolorido, mas deve ser quase imperceptível.

Capas VG+ devem ter o menor desgaste possível. Uma capa VG+ pode ter algum desgaste, um pequeno e leve amasso ou corte (menos de 2 cm de comprimento) na parte inferior, o local mais vulnerável. Além disso, uma capa VG+ pode ter alguma desfiguração, como uma marcação de corte de rádio, tudo muito pequeno. Capas com cortes nunca podem ser consideradas Near Mint.

Very Good (VG) – Muitas imperfeições encontradas em um exemplar VG+, serão mais evidentes em um VG. Assim, exemplares VG (que geralmente são vendidos por 25% de cópia Near Mint) são as maiores barganhas no mercado, porque os ricões vão atrás das cópias perfeitas.

Para muitos ouvintes, um exemplar VG vai valer totalmente a pena, principalmente pelo custo benefício. Discos VG têm falhas mais evidentes do que suas contrapartes em melhor estado. Falta-lhes a maior parte do brilho original que é encontrado num exemplar saído da fábrica. Desgastes na mídia são evidentes na primeira olhada, mas são arranhões leves, o suficiente para sentir com a unha. Quando tocado, um disco VG tem ruído leve de superfície, e alguns riscos podem ser audíveis, especialmente nas passagens suaves e durante a introdução de uma música e termino de outra. Mas o volume do ruído não se sobressai à música em momento algum. Escritas curtas, fita ou um adesivo pode estar presente no selo. Eles continuam a ser uma experiência auditiva muito positiva, apenas não tocarão como se estivessem em seu melhor estado.

Capas VG têm muitos sinais de manipulação. Anel de desgaste (ring wear) no meio ou ao longo das bordas da capa, mas não de forma excessiva. Mais alguns vincos podem ser visíveis. Cortes e desgastes serão mais evidentes, podendo aparecer nos três lados, mas não deve ser algo tão forte e desbastado. Pode ter uma maior desfiguração como um carimbo de cópia promocional. Pode conter algumas escritas como preço, nome, nada extenso como uma prolixa dedicatória de amor.

Good (G), Good Plus (G+) ou Very Good Minus (VG-) – Esses exemplares devem custar em torno de 10% a 15% do valor de um Near Mint, se você tiver sorte.

Bom não significa ruim! Certo!

O disco ainda deve tocar sem pular, podendo servir como um material de transição até que algo melhor. Mas pode ter um ruído significativo e desgaste dos sulcos, o rótulo é usado, com desgaste significativo do selo, alguma escrita mais pesada, ou com danos óbvios causados ​​por alguém tentando remover uma fita adesiva ou uma etiqueta e falhando miseravelmente.

Um G ou VG-, tem a capa com ring wear com debaste mais profundo, chegando ao papelão, tem cortes e rasgos óbvios à primeira vista e pode ter escritas mais extensas, como, por exemplo, nome da estação de rádio na frente. Se o exemplar é comum, é provavelmente melhor passar adiante e consegui melhor cópia. Mas se você tiver procurado por um muito tempo e ele for de difícil acesso, ele servirá tranquilamente como temporário, até uma cópia melhor aparecer.

Poor (P) e Fair (F) – Exemplares P e F devem custar de 0-5 por cento do valor do Near Mint, e olhe lá!

O mais provável é que eles acabem indo para o lixo. Os discos estão rachados, com graves empenos, no momento de escutá-los você tentará e desistirá depois de um tempo. As capas estarão tão grosseiramente danificadas que você vai querer chorar. Somente os itens ultra raros podem ser vendidos nessa condição por um preço melhor, mesmo assim não deve ser muito. Ter essa cópia, não servirá em nada mais do que chorar todo dia pensando por que não o trataram melhor.

Sealed Albums ou Still Sealed (SS) – Álbuns que ainda hoje permanecem selados e fechados podem – e tem – preços ainda mais elevados do que os já falados aqui.

No entanto, é preciso ter cuidado ao pagar uma fábula por qualquer LP selado, por várias razões: 1. Eles podem ter sido re-selados (sim! Isso acontece); 2. Os discos podem não estar em condições Near Mint; 3. O disco pode não ser a prensagem original ou a prensagem mais desejada; 4. o mais bizarro de tudo: dentro pode ter um disco errado.


Fonte: Vida em Vinil.

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